Sword Health confiante de que vai ganhar processo contra empresa que pede 5% das ações. “Não queremos fazer acordo nenhum”, diz CEO

O fundador e CEO da Sword Health, que está envolvido num processo judicial nos Estados Unidos com uma empresa que reclama 5% das ações do unicórnio, está convicto de que vai ganhar a batalha em tribunal. Virgílio Bento avançou ao ECO que, se o caso não estivesse bem encaminhado, teria optado por chegar a acordo com quem os processou, os norte-americanos da A2 Academy.
“O processo está a decorrer. Se nós quiséssemos fazer o settlement [acordo legal para pôr fim à litigância] já tínhamos feito o settlement. Como o processo ainda decorre, não posso dizer muito, mas estou completamente confortável de que vai ser bem-sucedido para nós”, disse o fundador da tecnológica especializada em saúde que vale mais de quatro mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros).
Virgílio Bento está (mesmo) confiante de que a Sword Health não terá de entregar 5% dos seus títulos à A2 Academy, no âmbito de um contrato assinado há 11 anos. “Sim, é mesmo essa a definição de bem-sucedido. Se fosse qualquer coisa contrária, já tínhamos feito um acordo. Portanto, acho que o facto de nós não queremos fazer acordo nenhum em relação a isto demonstra a confiança que temos no processo”, reiterou Virgílio Bento.
O caso que coloca a Sword Health e a empresa norte-americana nesta disputa (antes designada Aging2.0 Academy) remonta a 2014, quando a empresa com origem no Porto se candidata e é escolhida para fazer parte de um programa de mentoria e aceleração para startups com produtos ou serviços inovadores para maiores de 50 anos. Ao tornar-se uma das ‘aceleradas’, assina um acordo com os promotores da iniciativa que previa a entrega de 5% do capital da empresa de origem nacional. Mas essas ações nunca chegaram.
As partes discutem agora em tribunal, em São Francisco, se os queixosos ainda têm direito a essas ações ou se o prazo para o exigir prescreveu. A Sword e o próprio Virgílio Bento têm alegado que está esgotado o prazo para a contestação, enquanto a A2 Academy defende que esse prazo só deve começar a ser contado quando tomou consciência de que a Sword não havia cumprido o acordado (a ação só entrou em tribunal 2024). Os queixosos acusam ainda a Sword de má fé ao não os informar de que tinham criado uma sociedade nos Estados Unidos da América, que em teoria seria o veículo no qual as ações em causa seriam atribuídas. Já a Sword defende que os registos da criação dessa entidade, no Delaware, são públicos, pelo que a A2 Academy não foi diligente e não foi impedida de ter acesso a essa informação.
De acordo com registos judiciais consultados pelo ECO, o processo tem continuado nos últimos meses, com várias interações com o tribunal, havendo uma nova sessão marcada para setembro.
Virgílio Bento entra no debate político para combater ChegaVirgílio Bento, que é mandatário da candidatura do socialista Manuel Pizarro à Câmara Municipal do Porto, anunciou esta terça-feira o seu apoio à recandidatura do social-democrata Carlos Moedas às próximas eleições autárquicas. Lado a lado na inauguração do escritório da Sword Health em Lisboa, o empreendedor e o autarca mostraram-se próximos, confirmaram a amizade que os une e contaram como se conheceram há quase duas décadas, em Bruxelas.
Porque é que apoia um candidato do PS no Porto e um do PSD em Lisboa? No poder local, as cores partidárias pouco importam – o que realmente conta são as pessoas que lhe dão a cara, defende o CEO. “O que interessa são as pessoas, não os partidos. Isso ainda é mais verdade nas autárquicas. Neste momento, em que há uma polarização política muito grande, em que o extremismo está a subir ao poder, é importante que pessoas que não estejam ligadas ao aparelho partidário, como eu, que sempre estive de fora, demonstrem seu o apoio e tenham um papel mais ativo”, afirmou o fundador e CEO da Sword Health, em declarações aos jornalistas.
Embora reconheça que nas eleições legislativas não seja assim, Virgílio Bento considera que os empresários que não estejam ligados à política se cheguem à frente para impedir o crescimento das forças políticas extremista, numa referência direta ao Chega. “Quando o partido de extrema-direita é o maior da oposição, e o segundo maior partido, quer dizer que uma grande franja da população que votou nesse partido. A minha posição é que temos de ter um papel ativo contra o extremismo”, declara.
Segundo Virgílio Bento “se toda a gente ficar calada” a predominância da opinião pública passará a ser polarizar, incitar ao ódio e “ler uma lista de nomes de umas crianças no parlamento”, recordando o episódio protagonizado por André Ventura aquando do debate parlamentar sobre as alterações à lei da imigração e da nacionalidade.
ECO-Economia Online